Uma geração sem heróis

Por Rev. Paulo César Lima


Vivemos hoje na Igreja o vazio de uma geração sem heróis, sem modelos de vida consagrada em liderança madura e ética.”


Olhando para o cenário macro do Brasil e, sobretudo, vendo as coisas com as quais convivemos este ano, das quais fomos alvos, contra as quais não pudemos lutar e em meio às quais nos envolvemos, o resumo da ópera é que, de novo, não conseguimos alcançar as nossas metas e muito menos atingimos as propostas de Jesus contidas na Palavra. Aliás, tivemos muito pouca manifestação do Reino de Deus entre nós, muito pouca denúncia profética, muito pouca confrontação com os sistemas de morte que nos rodeiam e nos submetem, além da escassez de resultados transformadores no campo social, que reduzam as terríveis desigualdades sociais e regionais encontradas entre nós.

Como numa arquibancada, vimos o governo Lula mantendo os privilégios das elites, cooptando o sindicalismo, esvaziando os movimentos populares e estatizando o clientelismo, enfraquecendo a cidadania à base do pão e do circo e acendendo velas para Deus, o diabo, todos os santos e todos os orixás. E nós o que fizemos? Absolutamente nada.

Por conta da nossa omissão, fomos debulhados, achincalhados, parodiados,mediocrizados , assinalados como corruptos e corruptores. Por outro lado, o nosso discurso rígido, de moral aparente convive, hoje, com uma moral subterrânea, clandestina, dentro das igrejas. É um dualismo doentio e hipócrita.

O que vivemos hoje é o vazio de uma geração sem heróis, sem modelos de vida consagrada em liderança madura e ética. Alguns antigos líderes entraram em crise e até renegaram o seu passado, causando muito sofrimento. Por outro lado, vemos uma promoção de lideranças artificiais e caudilhescas, o que é muito pior.

Para nós assembleianos, este ano foi o ano dos desencontros denominacionais, das mostragens dantescas de hipocrisia, fisiologismos comprometedores, cinismos despudorados. Podemos dizer também que este ano foi o ano das revelações mesquinhas e mercantilistas da fé cristã, cimentadas na corrompida ideia de prosperidade; foi o ano das propostas desavergonhadas dos charlatões da fé, com vendas inescrupulosas de toalhas, redinhas, chaves do sucesso, cajados de Moisés, acompanhadas de mensagens espúrias de auto-ajuda que têm como objetivo arregimentar bons e consagrados colaboradores na compra de aviõezinhos para mostrar o sucesso do tele-evangelista e a “bênção” de Deus sobre sua vida. Foi o ano dos acertos políticos, do jogo de poder, do dinheiro escuso nas cuecas, nas calças, meias e nas contas.

Sob a estandartização da fé ultrapassamos os limites da tolerância divina com os nossos mal feitos; com isso, ameaçamos o porvir, destruímos referenciais e acabamos por criar uma geração cínica e apóstata.

Infelizmente, nós não cumprimos os desideratos de Jesus nem de longe. Precisamos – e muito – pedir perdão a Deus com a mais pura consciência a fim de ganharmos tempo para desfazermos os nós que criamos na história da igreja brasileira. Precisamos – e como – conseguir cumprir os alvos pretendidos por Jesus, uma vez que há muito não os atingimos. Urge que nós, evangélicos brasileiros, endireitemos o caminho do Senhor com o nosso arrependimento, derramando sobre o altar divino nossas lágrimas a fim de alcançarmos o Seu perdão. E que Deus tenha piedade de nós!

Feliz Natal e um Próspero Ano de 2011!

Presidente da Catedral da Assembleia de Deus em Jardim Primavera.




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