Analita, missionária que brilhou até o fim!!!


Estávamos há menos de um ano na Guiné-Bissau quando Missões Mundiais nos informou que mandaria uma missionária para trabalhar conosco. Seu nome era Analita Dias dos Santos. Perguntávamos se daria certo a convivência com uma moça que não conhecíamos. O tempo passou, Analita chegou e nela ganhamos muito mais que uma colega de trabalho... ganhamos uma amiga e uma irmã.

Analita era bem preparada, formada em Biologia pela USP, estudara Teologia na Faculdade Teológica de São Paulo e Missiologia e Inglês na Inglaterra, além de ter o curso da APEC. Trabalhou por dois anos como missionária temporária no Chile e era obreira de grande valor da Igreja Batista da Ponta da Praia, em Santos, SP. Na Guiné-Bissau, e especificamente na cidade de Bafatá, ela foi serva de Deus dedicada e incansável. Foi uma das fundadoras da Escola Batista, lecionou em várias turmas e foi diretora por dois anos. Deu aulas de Inglês para jovens e adultos, trabalhou na EBD, deu curso da APEC, ensinou e pregou na igreja e foi a conselheira dos jovens.

Ela brilhava em seu trabalho, que era feito sempre com esmero, conquistando seus alunos pelo carinho e pela qualidade do ensino. Sua liderança espiritual era respeitada por todos, inclusive os homens da igreja, o que é difícil de acontecer num meio muçulmano em que o machismo é tão forte.

Para nossa família, Analita foi muito mais que uma obreira dedicada. Ela foi a amiga íntima; a companheira de jejum e oração; a irmã que Deus nos deu no lugar de nossas irmãs que deixamos no Brasil. Para nossos filhos, Gabriel e Rebeca, ela foi uma segunda mãe. Vendo seus álbuns fotográficos encontramos mais retratos de nossos filhos do que nós mesmos tiramos. Juntos, nesses 11 anos, passamos por muitas lutas, inclusive uma guerra civil, mas vivemos também grandes alegrias, sobretudo na conversão de muçulmanos a Jesus.

Nossa Analita era uma crente convicta da vontade de Deus para sua vida. Sua perseverança foi exemplar e, num mundo que vive para o conforto, ela abriu mão de tudo para servir a Deus na Guiné-Bissau. Sofreu conosco a falta de eletricidade, de água e de boas comunicações. Amava ver filmes, mas viveu numa cidade que nem luz tinha. Sofria de inúmeros problemas de saúde, tomava remédio para uma arritmia cardíaca, tendo sido operada de uma hérnia discal. Mas nada disso a impediu de voltar à Guiné-Bissau porque estava convicta de que esse era o campo que Deus lhe dera.

Em 2007, ela passou os primeiros oito meses num curso de Lingüística em Brasília porque acreditava que ele a ajudaria em seu ministério. Estava com a passagem marcada para seu regresso à Guiné-Bissau, no fim de setembro, mas teve de fazer exames médicos para diagnosticar um mal-estar que a incomodava. Infelizmente o diagnóstico foi terrível: câncer. O quadro já estava demasiado avançado para a Medicina poder atuar. Em menos de um mês ela foi hospitalizada e nos deixou.

Analita partiu para a Glória no dia 3 de novembro, dia de seu aniversário, deixando um enorme vazio em nossos corações e nossa igreja. Tivemos mais de 150 pessoas visitando nossa casa para trazer suas condolências. A escola fechou por dois dias em sinal de luto e muitos alunos choraram. Nosso culto no dia 4 foi de muitas lágrimas e saudade.

Nossa Analita deixa muitas recordações lindas, de sua alegria contagiante, de sua firmeza na fé, de sua bela voz louvando o Salvador. Hoje estamos certos de que ela canta para o seu Senhor na Glória Celestial. Sua vida emanava a luz de Jesus, e ela brilhou intensamente... brilhou... até o fim.


“Só Deus para nos confortar”

É muito triste e vai continuar por muito tempo, mas sei que o Senhor irá me confortar. Recentemente comecei a mexer nas coisinhas da Analita e foi muito duro ver as roupas, os livros, as fotos... Tínhamos tantos planos, mas sei que o Senhor está na direção e isto me conforta; farei o que pretendíamos, mesmo sozinha. No dia de sua morte, como é costume na Guiné-Bissau, recebemos em casa cerca de 130 pessoas entre alunos, professores e pessoas que a conheciam e tivemos que fazer comida para todo aquele povo. Eles sentiram muito e muitos choraram.

No culto de domingo, logo após a morte de Analita, nós usamos a quadra da Escola Batista de Bafatá onde estiveram reunidas muitas pessoas; os jovens cantaram e começaram a chorar. Não tinha ninguém que pudesse agüentar o clima sem se emocionar. Deus quis assim, assim será, mas tenho certeza de que Ele está no controle de todas as coisas e isto me conforta... mas continue orando por nós, pois precisamos muito.


Edna Ferreira Dias, missionária da JMM em Guiné-Bissau

Fonte: www.jmm.org.br

"Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida."

Precisamos de referenciais como esta querida que trabalhou para o Senhor até o fim, pois tenho certeza que ela sabia que o seu trabalho teria uma recompensa.

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