Com chuva e sem chuva

Com chuva e sem chuva Cuidas da terra e a regas; fartamente a enriqueces. Os riachos de Deus transbordam para que nunca falte o trigo, pois assim ordenaste. (Sl 65.9.)


A exuberância da terra descrita no salmo 65 impressiona. Os riachos de Deus transbordam, amolecem a terra e a tornam frutífera. Há fartura por toda parte: nos campos, nas colinas, nos vales e até mesmo no deserto. Há trigo em abundância e rebanhos que não acabam mais. Tudo leva à exultação e aos cânticos de alegria (vv. 9-13).
Em outra passagem das Escrituras, porém, a situação é diametralmente oposta. A figueira nem sequer floresce, nas videiras não há nenhum cacho de uva e as oliveiras não produzem azeitonas. O verde desapareceu da terra. As lavouras estão secas e vazias. Não há ovelhas nos currais nem bois nos estábulos. Nada leva à exultação nem aos cânticos de alegria. Mesmo assim, o profeta Habacuque consegue exultar no Senhor e alegrar-se no Deus da sua salvação (Hc 3.17-19).
Na época da fartura não se pensa na época da seca. E na época da seca não se pensa na época da fartura. Mas nem uma nem outra duram para sempre. Existem vacas belas e gordas, assim como vacas feias e magras. Existem espigas de trigo graúdas e boas, assim como espigas mirradas e ressequidas (Gn 41.1-7).
Em ambas as situações, tanto no Salmo 65 como em Habacuque 3, é possível alegrar-se. Mas ninguém nasce com essa disposição. É preciso aprender “o segredo de viver contente em toda e qualquer situação” e chegar ao resultado final: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.10-13).

Retirado de Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos (Editora Ultimato, 2006).

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