Um lápis nas mãos do Mestre


Os quatro jovens norte-coreanos escolheram os nomes: Lápis, Borracha, Caneta e Clipe de Papel. Os equivalentes coreanos para Beto, João ou José não combinavam para esses jovens tão criativos. “André”, um obreiro cristão na China, providenciou comida, abrigo e atendimetno para eles. Foi sua, a idéia de eles usarem nomes falsos, para o caso de agentes da polícia chinesa ou da norte-coreana os descobrirem. Quando ele começou a pregar o Evangelho aos jovens e discipulá-los, três deles mostraram-se cheios de entusiasmo, demonstrando muito potencial. Lápis, porém, nunca prestou atenção às palavras. Enquanto André tentava ensinar algo, Lápis rabiscava um papel ou ficava olhando para o nada. Depois de vários meses de discipulado, André fez uma proposta a três daqueles adolescentes: voltar à Coréia do Norte levando a mensagem do Evangelho a seus compatriotas. André, contudo, não imaginava que Lápis estava pronto para uma missão como aquela, então nem lhe perguntou nada.


Não obstante, os três não iriam a lugar algum sem o amigo. Juntos, os quatro atravessaram o Rio Tumen na direção da Coréia do Norte. Antes da partida, André lhes disse: “Não importa o que vocês façam ou as dificuldades em que vocês se encontrem, poderão sempre voltar aqui, e tentaremos socorrê-los”.


Passaram-se alguns meses e André começou a pensar se eles haviam conseguido atravessar o rio em segurança. Seis meses após a travessia, Borracha, Caneta e Clipe foram presos pela polícia norte-coreana. Lápis conseguiu se esconder e viu, paralisado de medo, quando os amigos foram apanhados, espancados e presos por espalharem a mensagem de Cristo. A polícia os jogou em furgões e os levou para longe de testemunhas. Nisto, Lápis correu. Mais tarde, veio a saber que seus amigos foram levados para um campo de concentração. Nunca mais os veria.


Lápis tinha medo que a polícia estivesse ao seu encalço, então passou a viver como mendigo, amedrontado. Pensava muito nos amigos, em como eles pregavam a Palavra. Eles falavam de Cristo em todas as oportunidades, expressando como o Senhor encheu suas vidas de esperança. Quando, porém, Lápis tentava falar de Jesus, sentia a boca seca, suas mãos tremiam e não conseguia dizer nada. Quando outros andarilhos percebiam e diziam “Você não é normal. Veja, nem parece um norte-coreano”, Lápis não conseguia dizer que a diferença vinha de dentro, onde Cristo está.


Certo dia, Lápis se lembrou das palavras de André: “Você pode voltar e eu vou ajudá-lo”. Mas será que ele ajudaria mesmo? Na maior parte do tempo, ele passara ignorando o treinamento bíblico ministrado. Resolveu, então, voltar para a China e procurar André. Já se haviam passado oito meses desde que os quatro jovens cruzaram o Tumen; agora só um deles restava para trilhar o caminho de volta.


Com lágrimas nos olhos, Lápis contou a André o fim que seus amigos levaram. Contou ainda que testemunhavam com muito destemor, e revelou que ele havia se escondido de medo enquanto seus amigos foram levados embora. André, por fim, perguntou a Lápis: “E você? O que você quer fazer com o resto de sua vida?”.

“Quero aprender a ser corajoso como meus amigos e como falar de Jesus sem temor.”


Para Lápis, os dois meses seguintes foram de discipulado intenso. À medida que estudavam e oravam juntos, André pôde ver no rapaz a fé crescer e o compromisso se aprofundar cada vez mais. O garoto cuja cabeça parecia sempre nas nuvens era agora um moço completamente comprometido com Cristo. Quando Lápis se viu pronto para voltar para a Coréia do Norte, André lhe perguntou: “De que mais você precisa?”. Lápis olhou bem nos olhos do amigo e mentor, e respondeu: “De mais nada”.


André ajudou Lápis a entrar em contato com um casal cristão no país vizinho, e os três começaram a pregar o Evangelho às pessoas mais pobres. “De onde você ouviu essa história tão misteriosa?”, perguntavam alguns. Um mendigo se aproximou de Lápis e lhe confidenciou que também era crente. Outros pediam encarecidamente que ele contasse mais sobre aquela história, ou contasse toda ela do começo.


Assim eles procederam durante cinco meses, plantando a semente e regando, orando e regando novamente. Um dia, os três cristãos estavam pregando para um pequeno grupo de mendigos e lhes entregaram alguns folhetos e uma Bíblia. Um dos pedintes foi para casa e mostrou, orgulhoso, a Bíblia à sua mãe, contando-lhe sobre as pessoas que lha haviam dado.

A mãe sabia que aquele era um livro sobre religião e que era contra a lei. Será que alguém estaria tentando incriminar seu filho? Será que a família toda seria presa? Ela agarrou aquele livro e o levou até a delegacia. A polícia ouviu sua história; depois, interrogou seu filho. Lápis foi preso, e mais tarde o casal também. Na delegacia, as perguntas logo se transformaram em interrogatório, e depois em tortura. A polícia ordenou que ele contasse onde conseguira aquela Bíblia. Propuseram deixá-lo ir se ele renunciasse a Jesus, mas ele continuou firme.

- “Eu convidei Jesus para entrar no meu coração”, respondeu ele, “e não vou negá-lo”. Contou à polícia sobre Caneta, Borracha e Clipe, seu testemunho de Cristo, a maneira destemida como eles O seguiam.

- “Antigamente eu não conseguia ser como eles”, prosseguiu. “Tinha muito medo. Mas hoje eu consigo ser assim, porque Cristo vive em mim.”


No intuito de dobrar o jovem, e indignados por sua ausência de medo, os policiais surraram-no com grande violência. Mas não conseguiu fazê-lo recuar.


- “Somos grandes pecadores, aqui na Coréia do Norte, porque não cremos em Deus”, disse-lhes Lápis. “Se vocês me matarem, um dia vão se converter também.” Estas palavras enfureceram ainda mais os policiais, então eles começaram a arrancar, um a um, todos os dedos de Lápis. Espancado, ensangüentado, quase morto, o jovem foi enviado para um campo de trabalhos forçados. Os responsáveis tinham ordem de não o alimentarem, mesmo tendo a mesma cota de trabalho dos demais detentos.


Todos os dias, Lápis falava aos prisioneiros – e até para os guardas: “É Jesus quem me mantém em pé”. Por causa de sua perseverança e do modo como ele compartilhava do amor de Jesus, muitos no campo acabaram se voltando para Cristo.


Depois de dois meses no campo, Lápis morreu. Ele não chegou a viver seu vigésimo aniversário. Seu corpo foi levado da prisão, mas o fruto de seu curto ministério ali continuou vivo.


fonte: Missão A Voz dos Mártires – Telefone (41) 3323 8383 – e-mail carla@vozmartir.org – site: www.vozmartir.org

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1 comentários:

  1. É um prazer estar aqui. Sabe sempre que leio histórias como esta que vc postou e as que leio por ai afora, revistas portas abertas, etc, me ponho a refletir como somos abençoados por podermos falar de Jesus, o nosso Senhor, em alto e bom som, para os quatro quantos da terra, sem que soframos ameaças e/ou perseguições, né mesmo. Que o Senhor fortaleça e proteja sempre a todos os nossos irmãos, que em determinados paises levam o nome do Senhor Jesus corajosamente, como os apostolos da igreja primitiva. Somos privilegiados. Obrigado Deus pela tua BONDADE. Voltaremos mais vezes aqui. Que o Deus abençoe abundantemente este espaço. Abraços da Léo e do Edmar

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