Por Enzo Almeida
Naquela tarde senti um puxão em meu braço, estava quase dormindo no sofá quando de súbito fui acordado pelo meu filho.
Olhando para mim com um sorriso imenso que me deixava desconcertado, suas mãos cheias de pequenas peças desses jogos de montar, pedia de uma forma tão doce e pura que brincasse com ele.
Sentamos juntos no tapete da sala, o sol entrava pela sacada e inundava nosso solo sagrado da brincadeira.
Entre uma peça e outra que ia dando forma a uma nave espacial ou algum robô, observava o rosto infantil de meu menino. Suas bochechas rosadas e o sorriso largo que mostrava o dente da frente faltando, e ele nem se importava com isso.
Em sua mente infantil criava os cenários mais incríveis, coisas que deixei de imaginar e sonhar há muito tempo. Pequenas peças acabaram de se transformar em uma imensa e poderosa nave espacial.
Como algo tão pequeno e simples como pequenas peças de montar podem trazer tanta felicidade a uma pessoa?
Naquela tarde, senti saudade. Uma grande saudade, daquelas que lembram que existe um espaço vazio em nosso ser, que nos faz recordar que algo esta faltando.
Senti saudade de coisas simples.
Senti saudade do tempo que sentar no chão para brincar era o maior compromisso do dia. Saudade de uma época em que tínha a opção de escolher deixar tudo para o lado para orar, ou simplesmente ficar a sós com o Pai, sem compromissos agendados ou propósito específico em mente.
Não falo de minha infância ou adolescência, estou falando das coisas de nossas vidas que ficaram para trás. Senti saudade de um tempo em que não se tinha ambição de ser restituído, ou abençoado, nem mesmo sabia o que eram estes termos, pois os termos que conhecia e ardiam na minha vida eram simples, como "graça", "salvação", "Nova Terra".
Senti saudade de uma época que olhavamos para os lados e não nos perguntávamos se estávamos sendo relevantes ou se nos identificávamos com algum grupo, o que víamos ao olhar aos lados era a necessidade de Jesus na vida das pessoas, e a elas nos dedicávamos, indo em suas casas, orando com elas, alimentando quem tinha fome, vestindo quem tinha frio, sentindo em nós as dores que viviam, chorando as suas lágrimas.
Senti saudades de ler a Bíblia sem analisá-la, examinar ou esquadrinhar. Ler somente, para me alimentar, para ser confortado, sem querer provar nada, ou me engrandecer de estar fazendo isto ou aquilo certo, mas ser corrigido, amansado, orientado, alimentado.
Senti saudade de louvar, mas louvar para o Pai, sem necessariamente ser extravagante, sem pedir que chova ou que incendeie , somente louvar, um daqueles velhos e lindos cânticos do hinário, algo com uma letra simples como " Quão grande És tú, Quão grande És tú!"
Senti saudade de ouvir a exposição da sã doutrina. Palavra pura, não distorcida, nem maquiada, não manipulada, somente a palavra, pura, verdadeira, direta do Pai, sem promessas de riquezas ou benefícios, mas de conforto na dura e negra luta.
Estas coisas simples que faz muito tempo que não vejo, nem experimento, porque deixamos de lado as coisas simples para não sermos simplistas, e criamos tanta fantasia para ter alguma distinção que nem lembro onde foi que o caminho ficou para trás.
Senti saudades, do Pai.
Está difícil demais ouví-lo nessa multidão, são tantos pastores, ministros, bispos, apóstolos, ministérios e comunidades que sua voz esta sendo abafada. Como era mesmo sua voz?
Senti saudades, e foi bom sentir saudades... Algo em mim diz que tem um longo caminho de volta, mas não estarei sozinho.
Fonte: Encontro Com O Poder
Isso é de Deus!!!
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