História do autor do hino Amazing Grace - John Newton
Por ELIELSON MACEDO FELICIANO
Amazing Grace está entre os hinos mais amados das igrejas evangélicas pelo mundo afora, ganhando muitas versões em várias línguas. Também foi cantada por grandes ícones da música como Elvis Presley e Areta Franklim. Por trás da letra que apela ao existencial, que testemunha uma conversão, tema tão caro na vivência dos evangélicos históricos, há uma história realmente Amazing.
Originariamente foi publicado num hinário da igreja anglicana em Olney na Inglaterra, juntamente com outros hinos do Rev. John Newton e seu colaborador, o poeta William Cooper. O hinário Olney Hymns foi editado em 1779. A influência deste sobre a hinologia inglesa é incontestável.
Originariamente foi publicado num hinário da igreja anglicana em Olney na Inglaterra, juntamente com outros hinos do Rev. John Newton e seu colaborador, o poeta William Cooper. O hinário Olney Hymns foi editado em 1779. A influência deste sobre a hinologia inglesa é incontestável.
Esse hino foi escolhido para ser o texto que vai servir de base para analisarmos a espiritualidade do Rev. John Newton, para verificarmos como ele está inserido em sua época, como ele bebe do fenômeno da espiritualidade própria do séc. XVIII, espiritualidade esta que participa do cotidiano, que se reflete na vida da pessoa em meio ao mundo transformando-o.
Pretende-se ainda mostrar o quanto esse hino revela da vivência espiritual desse reverendo e o quanto esse personagem teve influência sobre William Wilberforce, o homem que liderou a campanha abolicionista na Inglaterra, a primeira nação a abolir a escravatura.
John Newton (1725-1807), em outro hino, afirmou que a graça que o trouxera seguro até aquele instante também o levaria para casa, ele fazia referência a 1Cr 17,16 onde o Cronista narra a argüição de Davi ao Senhor: “Quem sou eu, ó Senhor Deus e que é minha casaiii para que me tenhas trazido até aqui?”, a referência bíblica é uma constante na hinódia de John Newton.
O título desse hino “Faith’s Review and Expectation”, tem o sentido de se rever pela fé o passado e alimentar para o futuro a esperança, demonstra assim uma teologia da graça e da providência divina, na verdade tal é a teologia com a qual lê a sua história pessoal, que está tão presente no hino Amazing Grace, e que vai ser melhor demonstrado quando de nossa análise do hino.
A história do hino se confunde com a história de seu autor e revela como ele lia, a luz da teologia da graça de Lutero, ou seja, graça em sua perspectiva existencial e não da perspectiva ontológica da escolástica.iv
Quando os primeiros versos soam: “Amazing grace! (how sweet the sound) That saved a wretch like me!” o termo wretch (desgraçado) parece soar exagerado e até impróprio para um ambiente litúrgico. Mas a história de Jonh Newton comprova a sua opinião sobre si mesmo. Remete também a confissão do publicano na parábola de Jesus, “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lc 18, 9-14).
Nascido em Londres em 24 de julho de 1725, filho de um comandante da marinha mercante que navegava no Mediterrâneo, perdeu a mãe a menos de duas semanas de seu sétimo aniversário. Aos 11 anos de idade foi para o mar com o pai, aos dezenove foi obrigado a entrar em serviço em um navio de guerra (1744), o HMS Harwich, tão horríveis eram as condições que ele desertou, mas foi recapiturado e rebaixado a aspirante de marinha comum.
A seu próprio pedido foi posto em um navio de tráfico de escravos que o levou à costa de Serra Leoa onde se tornou servo de um escravo comerciante o qual abusava dele brutalmente. Já em 1748 foi resgatado por um conhecido de seu pai.
Por fim John Newton se tornou capitão de seu próprio navio de tráfico de escravos. Sua tripulação o achava um pouco mais que um animal de tão miserável que era.
Foi durante uma tempestade aterradora que Newton teve a experiência da mão providente e graciosa de Deus, quando tudo parecia perdido, em meio ao processo de afundamento de seu navio deixou registrado em seu diário de bordo a exclamação “Senhor, tende piedade de nós”.
Posteriormente refletindo que tal atitude provava a ele mesmo que cria em Deus, concluiu que deveria trabalhar para Ele. Até os fins de seus dias passou a observar a data de seu novo nascimento, 10 de maio de 1748, o dia de sua "conversão".
Continuou no tráfico de escravos por mais algum tempo, mas foi tornando-se mais humano, até finalmente deixar o tráfico de escravos.
Estudou e foi ordenado ministro do Evangelho e ficou lotado em Olney por mais de 4 décadas. O período de 1760-1770 foi prolífico na composição de hinos. Também escreveu ao longo de sua vida revistas e cartas.
Uma carta de William Wilberforce, paladino da abolição da escravatura na Inglaterra, prova a relação desses dois e a inflluência espiritual do reverendo sobre o parlamentar inglês. Essa carta, que é mais um bilhete para marcar uma entrevista pessoal para tratarem de assunto religioso do interesse do abolicionista. vi Essa relação é testemunhada em uma biografia de Wilberforce escrita por Travers Buxton.
Pouco antes de morrer, John Newton afirmava que: “Minha memória quase desapareceu, mas me lembro de duas coisas, que eu sou um grande pecador e que Cristo é um grande salvador”.
Seu epitáfio, seguindo suas próprias orientações dizia: “John Newton, Clerck, uma vez um infiel e libertino, um servo de escravos na África, foi, pela rica misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, preservado e restaurado, perdoado e nomeado para pregar a fé que ele tinha trabalhado muito para destruir”.
Fica evidente a influência dos escritos paulinos sobre a leitura espiritual de sua própria história, quando lembramos Gl 1,13 onde o apóstolo Paulo recorda que outrora, no judaísmo, “perseguia a igreja de Deus”.
Fonte: Artigonal
Agradeço a divulgação de meu artigo e parabenizo pelo belo site.
ResponderExcluirElielson Macedo Feliciano
Como autor do texto recomendo a leitura do artigo em sua totalidade, onde o hino é analisado cuidadosamente em toda a sua profundidade. http://www.artigonal.com/religiao-artigos/amazing-grace-de-rev-john-newton-626549.html
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