Na escola dos verdes pastos
Por Wanda Assumpção
Catherine era jovem, casada havia pouco com um pastor famoso em todo o país, mãe de um lindo garotinho, quando foi acometida pela tuberculose, moléstia praticamente incurável na época.
Sustentada por uma fé inabalável, apoiada pelo marido amoroso e dedicado, ela passou muito tempo confinada ao quarto, sempre de cama. Seu filho passou de bebê a garoto levado da breca sob a supervisão de outras pessoas que cuidaram da casa e da família durante aqueles anos sombrios. Sua prece por cura era o primeiro pensamento que lhe vinha à mente cada manhã e o que a embalava ao adormecer cada noite. A cada seis meses, fazia exames que determinariam se estava ou não curada. A cada seis meses, a esperança com que ia fazer os exames era derrubada pelo resultado. Continuava tuberculosa.
Foi uma época de profundas indagações espirituais. Volta e meia, ela perguntava: “Senhor, o que desejas me ensinar? Sei que és poderoso, que podes me curar. Se não me curaste ainda, tens algum propósito nesta doença. Então, por favor, ensina-me a ver esta situação através da tua perspectiva!”
Durante os seis meses de repouso e espera, ela se aprofundava no estudo da Palavra e na comunhão com seu Deus, ansiosa por aprender logo o que ele queria lhe ensinar. Com isso, foi descobrindo verdades maravilhosas no que ela veio a chamar de Escola dos Verdes Pastos. Quando vinha a hora dos exames médicos, ela, confiante de já haver aprendido o que Deus queria que aprendesse, esperava a “colação de grau” que viria depois de “ter passado” nos exames. Quando novamente “repetia”, pensava: “Ah, então não era essa a lição que Deus queria me ensinar.” E voltava para a cama e para a Bíblia.
Dois longos anos se passaram nessa agonia de espera. Ela se sentia totalmente inútil. Não podia cuidar do filho, era apenas um estorvo na vida e no ministério do marido, nada fazia além de ficar naquela cama e tentar entender o que Deus queria de sua vida. Após os resultados ainda positivos dos últimos exames, aquela moça, no limite de sua fé, entendeu que talvez o que estava em jogo não era o que Deus queria lhe ensinar, mas, sim, sua própria vida. Desistir da cura? Como poderia fazer isso? Não veria o filho crescer? Não envelheceria junto com o homem a quem tanto amava? Era isso o que Deus queria?
A luta foi grande, mas, afinal, o coração sangrando, ela entregou seu desejo de cura e restauração nas mãos de Deus. Ele a consolou de uma forma maravilhosa. O exame seguinte foi feito, mas ela estava tranquila quanto ao resultado. Qual não foi sua surpresa quando a resposta foi negativa. Estava curada! Deus lhe havia devolvido a vida que ela Lhe entregara! Catherine Marshall viveu muitos anos para ser uma escritora famosa, cujos livros inspiradores ensinaram a milhões de pessoas no mundo todo as lições que ela aprendeu na escola do seu Pastor!
Você já se viu numa situação semelhante de desalento, de impotência diante de circunstâncias adversas? Talvez esteja enfrentando um desapontamento ou uma dor profunda neste exato momento. O que Deus está querendo de você quando, apesar de ter poder para isso, não lhe concede aquilo por que seu coração tanto anseia, a ponto de parecer que, ao aceitar o não divino, está renunciando à própria vida?
Já passei por situações como essas. Foram sonhos bons, coisas preciosas a que tive de renunciar quando orei para que, antes da minha vontade, a do Senhor fosse feita. Muitas vezes, “repeti” no exame, e concluí: “Ah, então não era isso que o Senhor estava querendo me ensinar!” Só que, a cada “ah, então”, a cada nova renúncia, a dor ia ficando mais profunda, o desespero, maior. E com mais força ainda eu me agarrava àquilo que parecia prestes a ser-me tirado. Somente quando de fato e de coração entregava aquele desejo nas mãos de Deus sentia sua paz me inundar, mesmo que nada tivesse mudado nas circunstâncias.
Às vezes, depois dessa entrega, Deus me disse sim, dando muito mais do que eu jamais imaginara possível. Às vezes, ele tomou para si aquilo que entreguei, mas cuidou carinhosamente das minhas necessidades, enchendo-me da certeza da sua bondade e misericórdia mesmo quando a perda me foi muito dolorosa.
Numa ocasião em que eu estava devastada por um sofrimento maior do que eu jamais imaginara ter de passar um dia, o “anjo” que o Senhor enviou para me consolar, sem saber do que se tratava, me disse que havia sido tocado pelo próprio Senhor a orar por mim aquela semana. E concluiu: “Dona Wanda, pode estar certa de que a senhora não está esquecida diante do trono de Deus. Mas o Senhor só usa pessoas que foram quebrantadas.”
Hoje sei por experiência própria que Deus usa aquilo que permite em minha vida para me levar mais perto de si. Cada “ah, então” era um ajuste que eu tinha de fazer no meu rumo para chegar mais perto da Sua vontade. O número de vezes em que tive de fazer esse ajuste me mostrou quanto eu estava distante do lugar onde deveria estar. Mesmo sonhos e desejos bons podem ocupar o lugar errado em minha vida se eu os desejar mais do que desejo a boa e perfeita vontade de Deus.
Na Escola dos Verdes Pastos tenho aprendido que o Senhor sabe a prova que tem de me dar para revelar coisas que talvez estejam ocupando o Seu lugar em meu coração. É por isso que o apóstolo Tiago nos exorta: “Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. . .Eis que temos por felizes aos que perseveraram firmes. . . porque o Senhor é cheio de terna misericórdia, e compassivo” (1:2-3; 5:11).
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