O MENINO E O BARQUINHO
Filho único de um casal pobre e rústico, caseiros em uma terra quase sem recursos lá no distante e sofrido interior do agreste, Jacozinho era criado assim, longe de tudo e de todos... Nunca tivera um brinquedo comprado em loja, improvisava sempre, ao seu jeito os seus passatempos que só ele mesmo, em sua própria mente sabia defini-los...
O menino era até, de certa forma, muito inventivo, mas por não conhecer praticamente as novidades do mercado, não tinha muito o que fazer... Todavia, bastou que o pai o levasse pela primeira vez a uma pescaria, para que ele então se apaixonasse por embarcações...
Muito jeitoso, conseguiu fazer uma réplica perfeita do pesqueiro do patrão do pai, só que em miniatura - e todas as tardes, depois da lida, subia até ao alto da nascente de um pequeno córrego, punha lá seu barquinho e descia em disparada para aguardá-lo deslizar até ao seu reduto. Seu barquinho, realmente, era lindo!
Ele amava demais aquela sua obra-prima (tentou fazer outros barquinhos iguais àquele, mas nunca conseguiu a mesma façanha e proeza), e fazer navegar sua embarcação morro abaixo passou a ser sua adorável rotina...
Certo dia, como de costume, depois de correr na frente até ao porto e aguardar o seu barquinho, ele no entanto não veio, esperou... esperou... e nada! Voltou então vistoriando minuciosamente todo o percurso, mas não mais o encontrou... Que lástima! que drama! que dor! e o menino Jacozinho, amargurado, a partir daquele dia, só chorou...
Alguns dias depois, vendo que a tristeza do filho não se ia, seu pai o levou à cidade para tentar espairecer um pouco aquela agonia. Circulavam pela feira-livre, quando de repente, Jacozinho viu seu barquinho exposto para a venda em uma das bancas dali – perguntou então ao feirante o valor do brinquedo e se assustou com o que ouviu, sua pequena obra valia muito, custar-lhe-ia um alto preço...
- Moço, esse barquinho é meu, fui eu que o fiz, me dê ele de volta!
Mas insensível, o homem o olhou com desdém e se virou...
- Por favor, moço, eu vou morrer se não levá-lo comigo!
Então, voltando-se para ele, o homem disse:
- Você só o terá de volta se trabalhar pra mim durante algum tempo.
Jacozinho então implorou ao pai que o deixasse ficar para reconquistar o seu bem, e o convenceu, e durante 3 meses se sacrificou com aqueles serviços pesados dos feirantes...
Por fim, teve a sua recompensa, e Jacozinho pulando de alegria, abraçou o seu barco e falando baixinho pra ele, disse:
- Você é todo meu de novo!
Amado leitor, essa ilustração quer te mostrar que o Senhor agiu dessa mesma forma: Ele te criou, te fez como obra-prima (iguais a ti Ele não fez mais ninguém), tu és único, exclusivo, és Dele o preferido... Mas se caminhares sozinho, se navegares por águas turvas, serás desgovernado por mãos estranhas, sairás da rota e se perderás por completo em seu destino, serás escravo e como mercadoria serás posto à venda.
Mas o seu Senhor, que tanta dor, sacrifício e amargura sofreu por ti (e que ainda sofre), não desistiu de ti ainda... Ele sonha com o seu retorno, e quer revê-lo chegar com êxito ao seu porto seguro...
Sabe amado, mesmo você tendo sido feito pelas Suas próprias mãos, Ele se dispôs a pagar por você um alto preço, e você é tão especial que Ele pagaria, se preciso fosse, tudo de novo e daria por ti novamente até a própria vida.
Assim como menino do barquinho, Jesus também quer expressar eufórico como ele fez, e dizer solene ao seu ouvido:- Você é todo meu mais uma vez!
Autora:Silvana Lacerda